'Washington Post' compara propostas de Trump a 'populismo' de Dilma
Diferente do que se vê na política tradicional, a plataforma política do presidente eleito dos Estados Unidos Donald Trump surpreende os americanos e tem poucos paralelos no mundo, diz uma reportagem do jornal "Washington Post". Se alguém fez algo parecido, avalia, foi a presidente brasileira Dilma Rousseff, que sofreu impeachment neste ano.
"Mais do que a plataforma de qualquer político americano, a agenda de Trump para a economia se parece com a de líderes populistas no exterior. Em particular, as políticas que ele propôs são muito similares às de Dilma Rousseff", diz o jornal.
"Assim como Trump planejou fazer, Dilma aumentou as restrições a importações. Ela prometeu novos gastos em infraestrutura e garantiu subsídios generosos para empresas com o objetivo de estimular a economia, especialmente a indústria", completa.
O jornal entrevistou o cientista político e brasilianista Riordan Roett, que concordou com a comparação. "São programas muito similares", disse.
A publicação alerta que a atual crise no Brasil deve servir como exemplo dos riscos nos quais os Estados Unidos vão embarcar a partir do governo Trump.
Segundo a economista monica de Bolle, também citada pela publicação, é muito arriscado criar a "combinação de protecionismo e expansão fiscal", como Dilma fez e Trump propõe.
Após o crescimento econômico sob Lula, Dilma deu continuidade a algumas políticas e expandiu outras. "Seu governo continuou ampliando o crédito barato a grandes empresas brasileiras via o banco estatal de desenvolvimento. Esses subsídios custosos, combinados com outros créditos, contribuíram para o aumento do déficit", diz.
"O fato é que o governo Dilma foi muito mais generoso para os ricos do que para os pobres", diz de Bolle ao jornal, comparando-a ao presidente eleito dos EUA.
A publicação ressalta, entretanto, que os Estados Unidos têm uma economia mais forte e diversificada do que a brasileira, então os EUA podem resistir mais a uma recessão grave. Mesmo assim, alerta que o aumento de gastos pode elevar a inflação no país.
A avaliação menos pessimista ecoa o que o brasilianista Roett disse em entrevista a este blog Brasilianismo em maio no ano passado. Em meio a uma grave crise política e econômica no país, Roett avaliava que país já demonstrou historicamente que é um paciente resistente, que aguenta forte as aflições da sua política e economia.
Se tudo parece muito ruim, ele se diz ainda otimista com o Brasil e a solidez das suas instituições. "O momento atual é de descer ladeira abaixo, mas eu conheço o Brasil há muitas décadas, e o país sempre se levanta depois de crises assim. O Brasil sempre sobrevive."
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