Crivella reflete virada do Brasil à direita religiosa, na mídia estrangeira
A eleição de Marcelo Crivella para prefeito do Rio de Janeiro se tornou o símbolo da guinada brasileira à direita nos veículos de comunicação internacional. Reportagens publicadas em jornais estrangeiros destacam que a religião está ganhando força na política do país.
"A eleição de domingo foi uma batalha de extremos", diz a rede de TV CNN. "À direita, o conservador Partido Republicano Brasileiro, de Crivella, à esquerda, o partido socialista do Brasil [referência ao PSOL, Partido Socialismo e Liberdade]. Nenhum dos partidos de centro que tradicionalmente se elegem ao poder na segunda maior cidade do país passou do primeiro turno da eleição em outubro."
Crivella é descrito como um bispo evangélico que classifica a homossexualidade como pecado, e sobrinho do homem que fundou a Igreja Universal do Reino de Deus.
"Sua ligação [com a igreja] está elevando o alarme entre muitos ativistas sociais", diz.
"Um bispo evangélico ultraconservador e homofóbico foi eleito o novo prefeito do Rio de Janeiro, a cidade símbolo do Brasil", publicou o jornal italiano "La Repubblica".
Segundo o jornal britânico "The Guardian", a vitória de Crivella reflete também o aumento da força dos evangélicos no país.
"Evangélicos há tempos estão aumentando sua influência no Brasil tradicionalmente católico. Além de ter um número crescente de seguidores (cerca de um quinto da população, de acordo com o último censo), seu impacto eleitoral tem sido reforçado pelas recentes reformas nos financiamentos de campanhas, que restringe doações de empresas, mas continua permitindo que igrejas dirijam suas congregações – e seus canais de rádio e TV – a favor dos seus candidatos favoritos", diz.
O "Guardian explica ainda que a vitória de Crivella sublinha a queda do Partido dos Trabalhadores e o desprezo dos brasileiros por todo o sistema político.
Apesar de Crivella ser o símbolo deste movimento, ele aconteceu também em outras partes do país, diz. Os eleitores "mostraram sua vontade de escolher candidatos de fora do sistema político. Em Belo Horizonte, a corrida pela prefeitura foi vencida por Alexandre Kalil, um ex-presidente de um time de futebol candidato pelo pouco conhecido Partido Humanista da Solidariedade, que fez campanha sobre a plataforma de não ser um político", explica o jornal.
A derrota do PT foi o destaque da análise publicada pelo argentino "Clarín", indicando que o partido arrastou consigo toda a esquerda do país.
"Esta organização perdeu 60% das prefeituras que conquistou em 2012, e só teve uma vitória em uma única capital de Estado", diz. "O PSDB sem dúvida foi quem teve a melhor eleição", completou.
O "Financial Times" já havia destacado, antes do segundo turno, que Crivella representava o fortalecimento da direita religiosa no país.
Além disso, derrocada do PT e de partidos de esquerda tem sido abordada pela imprensa internacional desde o resultado do primeiro turno.
Naquela ocasião, a frustração com políticos tradicionais e o encolhimento de grandes partidos, como o PT e o PMDB, foram os principais focos de atenção da mídia estrangeira, com um tom geral de que o resultado espelhava um momento de desilusão política no país.
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