Cinema do Brasil não tem alcance para gerar soft power, dizem pesquisadoras
Enquanto no Brasil ainda se discute a polêmica indicação do país para concorrer ao Oscar e a possível motivação política de excluir o filme "Aquarius", cujo elenco e diretor protestaram contra o impeachment de Dilma, pesquisadoras dizem que a produção cinematográfica do país não tem força para mudar a imagem do Brasil no resto do mundo.
"O alcance internacional do cinema brasileiro ainda é demasiado limitado para influenciar em qualquer grau significativo a percepção do Brasil no exterior."
O trecho faz parte de artigo assinado pela professora de Estudos Brasileiros na Universidade de Leeds, Stephanie Dennison, e a professora da Universidade Aarhus, Alessandra Meleiro, publicado pela "Folha de S.Paulo".
Segundo elas, a possibilidade de utilizar o cinema brasileiro para finalidades de política externa, na linha do modelo teórico de "soft power", ainda parece distante.
"Para que o cinema brasileiro possa tornar-se um instrumento real de poder da diplomacia cultural do Itamaraty, é preciso que a política pública se concentre mais sobre a criação de oportunidades de ampliar o espaço disponível para o cinema brasileiro no exterior."
O artigo trata da polêmica em torno do caso de "Aquarius", e diz que "a decisão parece demonstrar um desconhecimento completo da parte dos profissionais do setor do cinema que compõem esses comitês de seleção quanto ao que constitui um filme com chances de conquistar um Oscar".
Para as pesquisadoras, a questão da projeçãodo cinema nacional no mundo passa ainda por uma desconfiança profunda de grande parte da população brasileira em relação ao financiamento da cultura pelo Estado.
"Essa desconfiança e incompreensão dificultam a própria noção do cinema como potencial trunfo de 'soft power' no Brasil, já que para muitos o cinema, por sua própria natureza de gênero artístico comercialmente impopular e caro que depende fortemente de financiamento público para sobreviver e pela associação estreita que tem com a política de esquerda e, mais recentemente, com o projeto do PT, não é tão prontamente reconhecido como parte da "marca Brasil" quanto são, por exemplo, o futebol, a música e as telenovelas brasileiras."
O Brasil caiu uma posição no ranking internacional de soft power em 2016 divulgado pela consultoria britânica Portland.
A avaliação mede a capacidade de alcançar objetivos em relações internacionais de forma pacífica e com base no convencimento de outros países. Segundo a pesquisa, o Brasil é o 24º país com mais soft power, e alcançou 47,69 pontos, um a mais do que os 46,63 registrados no ano anterior.
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