Especialistas em Estado Islâmico analisam ameaças de ataque na Olimpíada
Dois pesquisadores especialistas no estudo do grupo terrorista Estado Islâmico avaliaram, em entrevistas ao jornal "Folha de S.Paulo", o nível da ameaça de um atentado da facção no Brasil durante os Jogos Olímpicos e a forma como a internet é usada para difundir a ideologia do terror.
Enquanto o jornalista irlandês Patrick Cockburn alerta para a vulnerabilidade do país ao sediar um evento de visibilidade global, o pesquisador canadense Graeme Wood acredita que o Brasil não tem o perfil de lugar em que o EI consegue atacar com facilidade.
"Se estivesse no Brasil, não gastaria muito tempo me preocupando com o Estado Islâmico", disse Wood, em entrevista ao autor do blog Brasilianismo, na Folha.
"Se o EI puder atacar o Brasil durante a Olimpíada, ele certamente vai tentar. Mas, considerando como são poucos os atentados registrados nos EUA, no Canadá e em outros países, talvez não seja muito provável. O EI tem alguns reservatórios particulares de apoio, e é difícil atacar onde essa reserva não existe. É por isso que vemos tantos ataques na Alemanha, na França e na Bélgica", explicou.
Segundo ele, o Brasil simplesmente não tem uma demografia que torne fácil para o EI operar no país e realizar ataques. "Há poucos sunitas simpáticos ao EI com capacidade de fazer algo assim. Não é impossível, mas em geral eles atacam onde é mais fácil", disse.
Com um ponto de vista diferente, Cockburn disse à repórter Patrícia Campos Mello que acha que o Brasil age certo ao prender suspeitos de envolvimento com o EI.
"Considerando que muitos dos envolvidos nos ataques deixam como único rastro a simpatia pela facção, expressa pelo Facebook, eu acho razoável deter pessoas nessas circunstâncias", explicou.
"O EI prefere fazer atentados quando consegue dominar o ciclo de notícias. Os Jogos podem ser uma oportunidade como essa. Por outro lado, eles frequentemente escolhem alvos que não são totalmente esperados. Como eles têm civis como alvo, é muito difícil garantir totalmente a segurança. Mas, obviamente, medidas de segurança podem ser úteis pelo menos para evitar um massacre", disse.
Segundo Wood, que trata da ideologia dos seguidores do EI no livro "The War of the End of Times" (A guerra do fim dos tempos), que deve ser lançado no Brasil pela Cia. das Letras, a internet é importante, mas não é a única forma de ligação com os terroristas.
"Em quase todos os casos, a internet é importante, mas isso normalmente é usado depois que a pessoa já foi atraída para o EI. Normalmente há um "paciente 0", que pega a doença do EI, e que vai à Síria para se envolver mais com a ideologia. Essa pessoa volta a seu país e acaba convencendo outras pessoas. Há um componente de contato pessoal que é muito importante. A semente é plantada assim. Ela pode até germinar pelos contatos de internet, mas costuma precisar dessa semente", explicou.
Apesar de criticar o medo exagerado das pessoas em relação ao EI e de dizer que não se preocuparia demais, caso viesse ao Rio na Olimpíada, Wood destacou que o trabalho de inteligência da polícia no Brasil, é sim, importante.
"Se eu estivesse indo à Olimpíada, gastaria muito pouco tempo me preocupando com o EI. Se eu trabalhasse com a segurança dos Jogos, entretanto, pensaria seriamente sobre o EI", disse.
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