'Espírito do Brasil' pode salvar Olimpíada do Rio, diz 'USA Today'
Enquanto tudo parece dar errado e o noticiário internacional expõe uma sucessão de falhas na organização dos Jogos Olímpicos do Rio, um jornal norte-americano se apega ao exemplo da Copa do Mundo de 2014 para indicar que, no fim, tudo pode dar certo.
Para o "USA Today", o "espírito do Brasil" pode salvar os Jogos do Rio.
"Estádios não são construídos com sorrisos, mas as lembranças, sim. Este lugar e seus moradores capturam os corações daqueles que se aventuram aqui de formas que nem mesmo os visitantes entendem completamente", diz o texto assinado por Martin Rogers.
Rogers não escreve baseado em ilusões. Ele está no Rio, e reconhece muitos dos problemas que têm tido destaque na imprensa internacional às vésperas da Olimpíada: crise política, impeachment, recessão, corrupção, problemas na infraestrutura do evento, falência do Rio de Janeiro, violência e zika. Ainda assim, demontra otimismo.
"Se houvesse competições para eficiência, cumprimento de promessas, planejamento e capacidade de gerar confiança na comunidade internacional, o Rio não chegaria nem perto do pódio de nenhuma delas", diz.
"Ainda assim esta cidade carnavalesca tem um fator significativo a seu favor que lhe dá a chance de ser palco de um evento ao fim do qual não vamos mais falar sobre tudo o que deu errado. Isso graças à personalidade do seu povo, o calor e paixão e amor pela vida", diz.
A avaliação pode soar um tanto estereotipada, é verdade, mas vale lembrar que o turismo em ampla medida é construído por clichês, e que são os visitantes que vão consolidar uma imagem final para o evento – e os efeitos dele na imagem do país.
Foi assim também na Copa, é importante frisar. Em 2014, a cobertura internacional anterior ao evento também foi muito crítica, mostrando problemas do país, falhas e desvios no planejamento. Após o início do evento, entretanto, a narrativa foi substituída por uma de festa, reforçando o estereótipo do Brasil no resto do mundo.
Rogers destaca essa comparação, e deixa claro que sabe que a crise brasileira é muito maior hoje do que em 2014, mas ainda assim aposta na festa para que o Brasil deixe de lado a preocupação.
"O Brasil continua sendo um lugar rico, mesmo enquanto seu sistema financeiro caminha para a ruína. E por esta razão, mesmo com todos os problemas, dores de cabeça, má administração e drama, a Olimpíada do Rio não está perdida", diz.
O otimismo do artigo do "USA Today" vai no sentido contrário ao de alguns analistas.
Segundo o pesquisador Peter Hakim, presidente emérito do think tank Inter-American Dialogue, mesmo que a Olimpíada aconteça de forma perfeita, "o Brasil vai ficar com sua imagem manchada", disse, em texto publicado no site "Brink News".
"O ex-presidente Lula queria a Olimpíada para o Brasil porque quase todos os grandes países do mundo sediaram os Jogos. Ele sabia que traria enorme publicidade para o Brasil e colocaria o país numa vitrine. O que ele não podia saber era que a imagem mostrada seria tão negativa, que o Brasil cairia tanto e tão rapidamente", explicou.
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