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'Economist': 'Crise do feijão' mostra que Brasil pode abrir sua economia

Daniel Buarque

30/06/2016 16h35

'Crise do feijão' mostra que Brasil pode estar abrindo sua economia, diz 'Economist'

'Crise do feijão' mostra que Brasil pode estar abrindo sua economia, diz 'Economist'

O Brasil tem sido um globalizador relutante, diz a edição mais recente da revista "The Economist". Com uma economia ainda muito fechada ao resto do mundo e muitas políticas protecionistas, o país nunca conseguiu desenvolver fortemente o seu comércio internacional. Mas uma crise relacionada ao alimento mais importante da dieta brasileira, e a reação do governo, mostram que o país pode estar pronto para mudar sua postura, e abrir sua economia.

A revista trata da crise enfrentada pelo país por conta da alta no preço do feijão, consumido quase diariamente pela maioria dos brasileiros. Depois que o clima atrapalhou a colheita, e aumentou os preços, o governo brasileiro suspendeu a tarifa de importação do legume, buscando comprar feijão no mercado internacional.

"Em um país dado a loucuras protecionistas, a reação, voltada ao mercado, à falta de feijão é revigorante. Ela pode revelar uma maior abertura ao comércio internacional", diz.

Segundo a publicação, o governo está começando a ter um maior apetite para o mercado global. "Políticos e empresários estão começando a ver o comércio internacional como uma forma de impulsionar a produtividade, e, assim, o crescimento, no longo prazo", complementa.

A reportagem vê positivamente este movimento, o que faz sentido para a linha editorial de uma revista que defende interesses liberais, contrária a protecionismos. Ela também segue o tom de uma reportagem anterior, em que a "Economist" elogiava a equipe econômica e as primeiras decisões tomadas pelo governo interino de Michel Temer.

Esta postura deixa um pouco de lado a questão política, que por meses dominou a cobertura que a revista fazia do Brasil, enquanto acompanhava o processo de impeachment de Dilma Rousseff. A "Economist" foi muito crítica à presidente afastada, e chegou a pedir sua renúncia, mas não foi ao ponto de apoiar abertamente seu afastamento e o impeachment. Pelo contrário, o processo foi criticado por ela como um símbolo da falência política do Brasil, um "jeitinho" na Constituição.

Nas últimas semanas, entretanto, o tom passou a ser mais voltado à economia. Ignorando a turbulência política e aprovando as medidas mais voltadas ao liberalismo e ao mercado tomadas pelo governo interino.

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Sobre o Autor

Daniel Buarque vive em Londres, onde faz doutorado em relações internacionais pelo King's College London (em parceria com a USP). Jornalista e escritor, fez mestrado sobre a imagem internacional do país pelo Brazil Institute da mesma universidade inglesa. É autor do livro “Brazil, um país do presente - A imagem internacional do ‘país do futuro’” (Alameda Editorial) e do livreto “Brazil Now” da consultoria internacional Hall and Partners, além de outros quatro livros. Escreve regularmente para o UOL e para a Folha de S.Paulo, e trabalhou repórter do G1, do "Valor Econômico" e da própria Folha, além de ter sido editor-executivo do portal Terra e chefe de reportagem da rádio CBN em São Paulo.

Sobre o Blog

O Brasil é citado mais de 200 vezes por dia na mídia internacional. Essas reportagens e análises estrangeiras ajudam a formar o pensamento do resto do mundo a respeito do país, que tem se tornado mais conhecido e se consolidado como um ator global importante. Este blog busca compreender a imagem internacional do Brasil e a importância da reputação global do país a partir o monitoramento de tudo o que se fala sobre ele no resto do mundo, seja na mídia, na academia ou mesmo e conversas na rua. Notícias, comentários, análises, entrevistas e reportagens sobre o Brasil visto de fora.

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