Alvaro Vargas Llosa: Chamar impeachment de golpe é ofensa a 'vítimas reais'
Tratar o afastamento da presidente Dilma Rousseff durante o processo de impeachment como um golpe de Estado é uma ofensa às incontáveis vítimas de golpes de verdade na história das repúblicas da América Latina, defendeu o historiador e analista político peruano Alvaro Vargas Llosa, em artigo publicado na revista norte-americana "The National Interest".
"Nenhuma lei foi violada, nenhum princípio constitucional foi quebrado e não houve uso da força em seu afastamento", justifica Llosa.
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Segundo ele, por mais que o governo de Dilma tenha arruinado a economia, sobretaxado empresas e perdido controle da inflação, não havia um motivo real para justificar um golpe, pois "são pecados típicos do populismo latino-americano", diz.
A crítica ao discurso de que o impeachment é um golpe não é surpresa vinda do analista que assina o texto. Llosa é um comentarista tradicionalmente associado ao pensamento neoliberal, e forte crítico à esquerda latino-americana, especialmente a ligada ao regime cubano. Ele é autor de um livro que traça o perfil do "perfeito idiota latino-americano", um personagem caricato que simbolizaria esses movimento de esquerda da região.
A avaliação de Llosa surpreende, no entanto, ao indicar que apesar de não ter havido golpe, houve uma "traição" à presidente afastada.
"Seu vice-presidente, Michel Temer, que assumiu o governo dentro da lei, a traiu, assim como muitas organizações. E seim, houve um elemento de vingança política no ar quando muitos políticos d eoposição, que estão eles mesmos sob investigação, ajudaram a tirá-la do poder com discursos vazios", diz.
A esperança, segundo Llosa, é de que Temer assuma um papel parecido com o do ex-presidente Itamar Franco, que assumiu após o impeachment de Collor e aceitou ser presidente por pouco tempo.
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