'The Atlantic': Brasil é 'democracia dúbia', mas impeachment não é 'golpe'
A revista norte-americana "The Atlantic" fez o mais minucioso trabalho de análise objetiva sobre a possibilidade de se usar o termo "golpe" para descrever o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Após um levantamento de definições da terminologia, estudo de histórico de golpes em todo o mundo e avaliação de trabalhos sobre democracias e rupturas democráticas, a revista critica todo os sistema político do país, mas rejeita o uso da palavra.
O Brasil, diz, precisa ser entendido como uma "democracia dúbia" e cheia de problemas que precisam ser resolvidos. O processo está equivocado, e as regras democráticas estão sendo usadas de forma errada, mas o impeachment não deveria ser chamado de golpe.
A situação é crítica, e nada está correndo bem no Brasil, mas o termo não é preciso para o que o país está passando, explica.
"'Golpe' não captura o que aflige a República Federativa do Brasil", diz o jornalista Uri Friedman.
Isso não significa que está tudo bem em Brasília e que o impeachment é um processo legítimo, entretanto, pois há no país um uso equivocado dos processos democráticos, diz.
"É uma democracia dúbia, um velho problema com nova urgência no Brasil e em outros lugares. E reconhecer isso pode gerar reformas úteis. No Brasil, as pessoas preocupadas com o que está acontecendo podem defender garantias mais resistentes para presidentes que enfrentam impeachment. (Por que, por exemplo, deputados puderam revelar suas posições sobre o impeachment à mídia antes da votação na Câmara?) Ou brasileiros poderiam buscar resolver falhar em um sistema presidencial que tantos partidos políticos que funciona como um parlamentarismo", avalia a reportagem.
Segundo a revista, em vez de interpretar o processo de impeachment no Brasil e no Paraguai como representativos de uma nova forma de golpes de Estado do século XXI, "talvez seja mais produtivo descartar a terminologia do golpe completamente, particularmente em uma região onde o termo é tão marcado por rupturas reais e traumáticas da democracia. O voto de impeachment no Brasil 'é análogo a um júri decidindo sobre um réu baseado não nas acusações, mas no fato de acharem que ela é uma má pessoa', escreveu a cientista política Amy Erica Smith. 'Isso não constitui um golpe, mas é um uso equivocado dos processos democráticos."', diz a revista.
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