Ben Ross Schneider: Avanços históricos do Brasil não se perdem por crise
O professor de ciência política Ben Ross Schneider, diretor do Programa de Estudos do Brasil no Massachusetts Institute of Technology (MIT), defende que os avanços conquistados no Brasil ao longo das últimas três décadas não se perdem completamente por causa da atual crise.
Organizador do livro recém-lançado "New Order and Progress: Development and Democracy in Brazil" (Nova ordem e progresso: Desenvolvimento e democracia no Brasil), ele explicou, em entrevista ao autor deste blog Brasilianismo publicada na "Folha de S. Paulo", que o livro é uma resposta a uma série de obras publicadas a respeito do 'boom' do Brasil.
Ele faz uma análise histórica, de longo prazo e comparativa, para entender a trajetória de longo prazo do país, mostrando transformações que vão além das partes mais visíveis em termos de economia, crescimento, exportações, mas entender a dinâmica do mercado de trabalho, as mudanças em questões relativas e regionalismos no país.
Em 2009, quando o Programa do Brasil no MIT estava sendo inaugurado, Schneider defendia a interdisciplinaridade do departamento. Depois de 6 anos, ele diz a maior conquista do Programa foi o intercâmbio de pesquisadores do MIT que foram ao Brasil e de brasileiros que viajaram ao MIT.
"Tivemos muitas trocas, com avanços em estudos de engenharia e ciência. Muito foi interrompido agora por conta da crise no Brasil, mas sem duvida vai ter um resultado duradouro."
Schneider falou ainda sobre como a crise no Brasil afetou o interesse internacional pelo país.
"Temos bem menos brasileiros vindo com apoio financeiro do governo do Brasil. isso foi o que mais mudou com a crise. o interesse do MIT em pesquisas colaborticvas continua alto. Espero que o fim da crise faça essa relação se fortalecer ainda mais."
Na conversa, o pesquisador analisou ainda a importância da análise sobre a situação do Brasil feita por estrangeiros, brasilianistas como ele.
"Não acho que seja necessariamente certo pesquisadores estrangeiros fazerem julgamentos e previsões sobre a politica brasileira. Há a necessidade de um papel de analisar como o que acontece no Brasil pode ser comparado com o que acontece em outros países , ou com o que já aconteceu na história do brasil. Esta é a posição do livro que publicamos, apresentando análises em vez de recomendar políticas."
Veja abaixo alguns trechos da entrevista
Leia a entrevista completa na Folha
Folha – Seu livro fala em ordem e progresso em meio a uma forte crise no Brasil. Como ele se relaciona ao atual momento?
Ben Ross Schneider – O livro surge como uma resposta a uma série de obras publicadas a respeito do 'boom' do Brasil, sobre o Brasil decolando, que se tornou uma lembrança distante. A ideia era fazer uma análise histórica, de longo prazo e comparativa, para entender a trajetória de longo prazo do país, mostrando transformações que vão além das partes mais visíveis em termos de economia, crescimento, exportações, mas entender a dinâmica do mercado de trabalho, as mudanças em questões relativas e regionalismos nos país.
O título do livro olha para os últimos 10 ou 15 anos, queríamos olhar por baixo do capô e entender o motor que estava fazendo a política e a economia do Brasil funcionar. Isso nos levou a ver uma menor discriminação no mercado de trabalho, um crescimento da classe média, um maior desenvolvimento em outros estados do país. São mudanças de longo prazo que vão ser retomadas após o fim da atual crise. Precisamos ver essas mudanças além de dados sobre crescimento ou recessão.
– Nesse sentido, há espaço para otimismo em meio à complicada crise pela qual o país passa hoje?
Sim. O livro foi finalizado antes de o Brasil se afundar na crise. Estávamos em 2014 e víamos apenas o começo da crise. As razões para otimismo vêm das análises das instituições brasileiras. A ideia de que as instituições da democracia estão funcionando muito bem no Brasil mesmo em meio às crises, e isso é motivo para otimismo.
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