Deu na 'Folha': Imprensa internacional não chama impeachment de golpe
A "Folha de S.Paulo" fez um importante levantamento do posicionamento editorial dos principais veículos da imprensa internacional a respeito do processo de impeachment no Brasil. Em tempos de propagação de boatos na internet, a avaliação de 11 dos principais jornais e revistas do mundo mostra que não houve uma defesa formal do impeachment, mas também não se aceitou abertamente a retórica de que destituir Dilma Rousseff seria golpe. No fundo, a mídia estrangeira tem feito um balanço muito crítico do processo de impedimento e de todo o sistema político do país.
"A Folha avaliou editoriais de 11 dos principais veículos de mídia estrangeira. Os editoriais transmitem a visão institucional dos jornais. Não foram analisados artigos assinados, que refletem apenas a opinião do autor do texto, nem reportagens, que devem contemplar todos os lados envolvidos em determinada questão, sem emitir opinião", explica o texto da repórter especial Patrícia Campos Mello.
Leia também: A importância da imagem do Brasil que repercute na imprensa internacional
Este blog Brasilianismo tem acompanhado diariamente a publicação de reportagens e editoriais internacionais sobre o impeachment, mas ainda não havia compilado os mais recentes textos sobre a avaliação do impeachment para avaliar o tom geral da imprensa mundial.
O jornal avaliou o que foi publicado no "Financial Times", no "Guardian", na "Economist", no "New York Times", no "Washington Post", na "Spiegel", no "Miami Herald", "El País", "La Nación", "Le Monde" e cita ainda o "Wall Street Journal" e "Süddeutsche Zeitung".
Muitas das publicações admitem que o impeachment está sendo uma forma de retirar do poder uma presidente pouco popular, mas contra quem não há acusações de corrupção – apenas as pedaladas fiscais.
Entre as avaliadas, as publicações alemãs, diz a "Folha", são os que mais se aproximam do discurso de que impeachment seria golpe.
"O correspondente do jornal alemão "Süddeutsche Zeitung" foi o que chegou mais próximo de classificar o impeachment de 'golpe'. Em artigo de opinião intitulado 'Quase um golpe: o processo contra a presidente é errado', Boris Herrmann afirma que a palavra golpe não é "necessária nem adequada", mas que o processo tem 'contornos golpistas'. 'A tentativa de se livrar de uma presidente eleita' não é 'processo democrático'."
"Outro correspondente no Brasil de veículo alemão, Jens Glüsing da revista 'Der Spiegel', diz: 'Partidários de Lula alertam para um 'golpe não tradicional' contra a democracia. Não dá para dizer que essa preocupação seja totalmente descabida', declara."
Ao selecionar os veículos de imprensa "de referência" internacional, a "Folha" deixou de lado jornais e revistas mais partidários dos movimentos de esquerda, que veem denunciando o processo para destituir a presidente. A rede venezuelana Telesur, por exemplo, ataca veementemente o "golpe" contra Dilma. O mesmo pode ser lido, por exemplo, em sites como "Sputnik", "La Izquierda Diario", "Cubanet" e "Counterpunch".
A própria "Folha", é importante ressaltar, já criticou o processo de impeachment de Dilma, mas defende que ele segue as regras constitucionais e não pode ser chamado de golpe. O jornal defendeu, em editorial, a renúncia tanto da presidente quanto do seu vice, Michel Temer, bem como o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
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