Marshall Eakin: Tragédia do Brasil é que a corrupção é parte do sistema
A crise política brasileira se aproxima de um ponto crítico com a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Enquanto o país assiste ao processo dividido esperança e a irritação com o lado oposto, o problema do Brasil pode ir muito além da definição de um nome para a Presidência.
"A tragédia do Brasil é que a corrupção há muito tempo é parte do sistema, e se espalhou", disse, em entrevista ao autor deste blog Brasilianismo, o historiador norte-americano Marshall Eakin.
Eakin é um dos nomes mais importantes da mais recente onda de estudos brasileiros nos EUA. Professor da Universidade Vanderbilt, no Tenessee, ele idealizou a criação da Brasa, a Associação de estudos brasileiros nos EUA, grupo que reúne mais de 600 pesquisadores e da qual foi secretário-executivo.
Segundo ele, o fato de Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, que está liderando o processo de impeachment, já ter sido manchado por claras e substanciais denúncias de corrupção torna o processo ainda mais desanimador.
"O nível de corrupção que está sendo descoberto pelas investigações não me surpreende, mas é espantoso. O PT aumentou a escala monetária da corrupção (especialmente pelo escândalo da Petrobras), mas políticos de quase todos os setores do espectro político estão envolvidos", diz, alegando não ver claras alternativas aos políticos que estão ligados ao status quo.
Segundo ele, houve debates intensos. Enquanto alguns defendiam o texto por serem ligados a grupos de apoio ao governo do PT, outros estavam preocupados que o processo para retirar Dilma do poder estava sendo encaminhado sem a devida transparência e legalidade, o que poderia danificar o sistema político do país. "Esta é a minha principal preocupação", disse.
Para Eakin, a polarização política entre brasilianistas existe de forma natural, mas não é tão grave quanto pode parecer. "Assim como no Brasil, suspeito que há uma vasta gama de opiniões entre os brasilianistas a respeito da atual crise política no Brasil. Mas duvido que as opiniões sejam tão polarizadas como estão no Brasil", disse.
Ele rejeitou a ideia de que brasilianistas têm uma relação mais distante, e por isso objetiva, sobre o país. "Não acho que sejamos nada mais objetivos de que os brasileiros. Temos o luxo de que este não é o nosso sistema político e de não sermos participantes diretos como cidadãoes e eleitores, mas nos preocupamos profundamente com o Brasil", explicou.
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