Dilma fala à mídia estrangeira, diz que não é fraca e não vai renunciar
Com informações da Folha
Em meio à crise política no país e a uma crescente atenção internacional dada aos problemas brasileiros, a presidente Dilma Rousseff concedeu uma entrevista coletiva a correspondentes de seis jornais estrangeiros e reforçou a ideia de que não vai renunciar ao seu mandato.
A entrevista de mais de uma hora foi concedida a repórteres do francês "Le Monde", do norte-americano "The New York Times", do argentino "Pagina 12", do espanhol "El País", do inglês "The Guardian" e do alemão "Die Zeit".
"Por que querem minha renúncia? Por que sou uma mulher fraca? Não sou", respondeu Dilma, segundo relato do "Guardian". Ela frisou que aqueles que pedem sua renúncia querem, na verdade, evitar a dificuldade em remover "ilegalmente" do poder um presidente eleito legitimamente. Ela disse ainda, de acordo com o jornal, que seu afastamento teria "consequências" e deixaria "cicatrizes profundas" na vida política brasileira.
A petista afirmou, segundo o americano "The New York Times" que vai apelar de todas as maneiras legais possíveis para barrar o impeachment. Segundo ela, há falta de "bases legais" para o processo no Congresso.
Segundo o repórter Thomas Fischermann, do "Die Zeit", Dilma classificou aos jornalistas estrangeiros de "golpe" a tentativa de tirá-la do poder por meio de um processo de impeachment. "Ela usou essa palavra, golpe. Disse que é um golpe diferente do que ocorreu na ditadura militar, mas é um golpe"
A presidente afirmou ainda que não é "agradável" ser vaiada em protestos nas ruas e disse que não é uma pessoa "depressiva": "Eu durmo bem à noite".
Segundo o "Guardian", Dilma aparentava tranquilidade na conversa, que durou uma hora e meia. O único momento em que mostrou irritação, diz o jornal, foi quando comentou a divulgação da gravação telefônica dela com Lula, gravada pela Polícia Federal com autorização do juiz Sérgio Moro.
A presidente disse que a "violação de privacidade" infringe a democracia porque invade, na avaliação dela, o direito à vida privada de cada cidadão. Sem citar Moro, Dilma afirmou que um juiz deve ser "imparcial", sem decidir com "paixões políticas".
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