Corrupção no Brasil é maior de que se suspeitava, diz diretor do MIT

Corrupção no Brasil é maior de que qualquer pessoa suspeitava, diz diretor do MIT

Ninguém podia imaginar a extensão do escândalo de corrupção no Brasil. A avaliação é do professor de ciência política Ben Ross Schneider, diretor do Programa de Estudos do Brasil no Massachusetts Institute of Technology (MIT), uma das universidades mais respeitadas do mundo. Para ele, que está lançando um livro que trata da realidade brasileira, a crise atual ultrapassa todos os escândalos de corrupção conhecidos anteriormente. "Esta é maior de que qualquer pessoa suspeitava."

Schneider deu uma entrevista ao site MIT News apresentando o livro "New Order and Progress: Development and Democracy in Brazil" (Nova ordem e progresso: Desenvolvimento e democracia no Brasil), que ele editou, reunindo parte do trabalho desenvolvido na universidade. Segundo ele, as coisas no Brasil acontecem muito rapidamente, e o cenário político e econômico se transforma numa velocidade difícil de acompanhar. "Faz apenas cinco anos que as pessoas falavam sobre a sustentabilidade da decolagem do Brasil rumo ao desenvolvimento e à consolidação da democracia, e agora o país está em meio à pior crise econômica em quase um século e a pior crise política em 20 anos. As coisas mudam rapidamente", disse.

Pouco mais de cinco anos atrás, em 2009, Schneider deu uma entrevista ao autor deste blog Brasilianismo sobre a criação do programa de estudos brasileiros no MIT. O departamento criava um modelo novo para os "brasilianistas", pois em vez de reunir acadêmicos especializados no Brasil, ele reunia especialistas em diferentes áreas de estudos que envolviam o país. "Nosso propósito é diferente, pois a maior parte dos programas existentes nos EUA são centros de estudos sobre o Brasil. Isso significa que eles reúnem pesquisadores para falar sobre o Brasil. O diferencial do nosso programa é que é mais um esquema de parceria, voltado para o forte do MIT, que é tecnologia. A ideia é procurar onda há complementaridade entre as pesquisas que estão sendo feitas no Brasil e que são feitas aqui. Seremos um centro de solução de problemas em parceria. Queremos juntar pesquisadores dos dois lados para conversarem e desenvolverem projetos de pesquisas conjuntas", explicou à época.

Na entrevista sobre o novo livro, Schneider diz ver a probabilidade de impeachment de Dilma como cada vez maior, e acredita que isso deve acontecer de acordo com as regras institucionais. "O lado positivo [da crise] é que o Judiciário e outras agências de responsabilização estão fazendo seu trabalho, descobrindo esquemas de fraude e corrupção."

Segundo Schneider, é difícil prever onde a atual instabilidade vai acabar. "O Brasil raramente está tão bem quanto as pessoas pensam nos bons momentos, nem tão mal quanto as pessoas pensam nos momentos difíceis. Mas esta crise certamente está entre as piores, e não tem perspectiva de acabar."

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