Estudantes de SP têm potencial de mudar a democracia do país, diz 'NYT'
Um editorial publicado pelo jornal norte-americano "The New York Times" defendeu que o movimento de estudantes paulistas que ocuparam as escolas em protesto contra o governo é mais importante para o país de que a crise econômica, o caos político e até as investigações de corrupção. Ao envolver os cidadãos mais jovens, o movimento "tem o potencial de formar a democracia futura do país", diz.
Em um texto assinado pelo pesquisador Pablo Ortellado, da USP, o jornal explica que o governo paulista impôs a reestruturação do sistema de ensino do estado sem discutir com professores, pais e alunos, e que isso gerou revolta dos mais de 300 mil afetados.
Além de defender a ação dos estudantes como uma importante luta política, o editorial ataca fortemente o establishment da política brasileira e a falta de interesse pelo debate público de temas de importância nacional.
No início dos protestos, explica o "NYT", os manifestantes foram ignorados, até que "uma meia dúzia de estudantes decidiram ocupar uma escola na região metropolitana de São Paulo. Em uma semana, quase cem escolas haviam sido ocupadas, e, uma semana depois, 200". Em vez de negociar, continua o editorial, o governo paulista tentou tirar os alunos das escolas à força.
"Infelizmente, este procedimento arrogante em relação às demandas da sociedade civil é característico de uma nova geração de funcionários públicos brasileiros", critica o jornal, que diz que os políticos mais experientes aprenderam com a redemocratização a ter uma postura mais política e democrática, mas a nova geração é mais técnica e menos politizada.
"Os líderes políticos de hoje surgiram não de movimentos sociais, mas de posições de poder estabelecidas (…) eles têm boa educação, mas estão fora da realidade e preferem usar soluções técnicas para problemas, sem ligar para o que pensam as pessoas afetadas por suas decisões", diz.
O importante do movimento dos estudantes, segundo o texto publicado no jornal americano, é que, pela segunda vez, uma demanda popular com protestos nas ruas conseguiu fazer com que o governo voltasse atrás de decisões unilaterais, como no aumento das passagens de ônibus e metrô em 2013. "Seus esforços estão dando frutos".
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