David Fleischer: Brasil de Dilma vive momento pior do que sob Collor
O momento político do Brasil hoje é pior do que o vivido durante a crise do governo Collor. A avaliação é do pesquisador norte-americano David Fleischer, professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), que alega que a forte crise econômica forte e o recuo do PIB mostram a gravidade da situação atual.
Brasilianista radicado há décadas no país, Fleischer fez uma avaliação da conjuntura política e econômica do país em uma longa entrevista ao "Correio Braziliense". Segundo ele, o Brasil de hoje lembra os Estados Unidos à época do escândalo de Watergate, que derrubou o então presidente Richard Nixon.
Veja abaixo alguns trechos da entrevista
E clique aqui para ler a entrevista completa no site do "Correio Braziliense".
Esse momento é pior que o do governo Collor?
Muito pior, porque agora tem crise econômica muito forte, temos recessão de mais de 3% do recuo do PIB este ano e deve ser pelo menos 2,5% no ano que vem. A crise econômica vai aumentar no início do ano e no ano que vem, com demissões, inflação, caixa apertado. E vai começar a ter manifestação desses deserdados politicamente. Principalmente a nova classe média.
O senhor vê paralelos dessa crise na história?
O paralelo que faço é de Richard Nixon e o Watergate, em agosto de 1974. O impeachment na época parecia evidente. O Partido Republicano chegou para ele e disse: "Pelo amor de Deus, você tem que renunciar, senão o nosso partido vai ser liquidado nas eleições de novembro". Aí, como ele tinha um pouco mais de espírito de estadista do que a Dilma, renunciou. Mas, antes de renunciar, ele se assegurou com Gerald Ford, que assumiu a presidência, de que o novo presidente emitiria um perdão presidencial para ele.
Isso pode acontecer com Dilma?
Acho que ela não tem espírito estadista para renunciar, isso não faz parte do DNA dela, porque você sabe que ela é uma pessoa cuja personalidade não condiz com a renúncia, mas pode chegar ao mesmo caso de Nixon, em que digam: "Você tem que renunciar, senão vamos ser liquidados nas eleições municipais e, pior ainda, em 2018". Se o PT pressionar, talvez sim. Ela tem uma saída à francesa. Ela pode alegar que deixará a Presidência por motivos de saúde.
O presidencialismo funciona no Brasil?
Sou brasileiro, voto e sinto todos os problemas que ocorrem aqui. Naturalizei-me em 1995. Temos um presidencialismo de coalizão, o presidente tem que juntar e manter pelo menos 12 ou 14 partidos para ter um quórum constitucional, pelo menos 60% para votar e uma margem de 70%, o que o Lula não tinha no Senado para manter a CPMF, que foi derrotado naquela época. Muita gente esquece que isso nasceu com o IPMF, com o Itamar, e foi mantido pelo FHC.
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