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Crise não afeta 'marca' do Brasil, que sobe em ranking de imagens globais

Daniel Buarque

18/11/2015 08h42

Relatório do Nation Brands Index compara o Brasil com outros países dos BRIC

Relatório do Nation Brands Index compara o Brasil com outros países dos BRIC

Em meio a graves crises econômica e política, com perda de grau de investimento e ameaça constante de impeachment, o Brasil subiu uma posição no ranking global de imagens de nações, e agora é o 20º país mais admirado do mundo.

O dado faz parte do Anholt-GfK Nation Brands Index (NBI), a maior pesquisa global sobre a forma como o mundo vê cada país, e foi divulgado na terça-feira (17), em Londres. Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França e Canadá aparecem no topo da lista dos países mais admirados, enquanto o Brasil tem a imagem mais forte entre os países em desenvolvimento e entre os que formam os BRIC.

Relatório sobre a imagem internacional de 50 países do mundo

Relatório sobre a imagem internacional de 50 países do mundo

A mudança pode ser interpretada sem euforia, já que há muitos anos o Brasil costuma oscilar entre a 20ª e a 22ª posição no ranking global de 50 países. Além disso, a melhora na avaliação vem depois de o Brasil cair para 21º justamente no ano em que recebeu a Copa do Mundo, que poderia ajudar a dar mais visibilidade ao país.

O levantamento confirma, entretanto, uma tendência positiva para a marca-Brasil. O ganho de uma posição mostra que as crises internas do Brasil não afetam a reputação do país no resto do mundo.

Segundo o estudo, a Copa do Mundo teve um duplo efeito na imagem do Brasil. Por um lado, a realização bem-sucedida do evento ajudou a melhorar aspectos da reputação do país ligados a seu povo e sua cultura, mas por outro lado, enfraqueceu a imagem em temas ligados a política e economia, já que a imprensa internacional deu muita atenção a notícias relacionadas a problemas nessa área.

Assim, é possível dizer que a Copa do Mundo reforçou um estereótipo de Brasil como país "mais decorativo de que útil", como avalia Simon Anholt, criador do índice. O consultor já se debruçou de forma mais atenta sobre o caso do Brasil. Ele vê o país como um exemplo de nações "decorativas, mas pouco úteis". Isso porque o Brasil é visto como um "país de festa" e tem uma boa imagem em questões relacionadas a lazer e diversão, mas uma reputação fraca em assuntos sérios como política e economia.

Em entrevista ao blog Brasilianismo, em março, Anholt explicou que as imagens internacionais dos países não costumam sofrer mudanças radicais, e disse que os estereótipos têm grande potencial de se manter fortes na forma como o resto do mundo interpreta as outras nações.

A pesquisa deste ano diz ainda que é preciso promover ainda mais o turismo brasileiro a fim de explorar a possibilidade de melhora da imagem com a Olimpíada no próximo ano.

Principal pesquisa sobre marcas-país, o NBI avalia a imagem internacional de 50 países. O estudo realiza 20.342 entrevistas para entender o que o que o público internacional pensa sobre esses paíeses em termos de economia, política, cultura, população, turismo e potencial de imigração e investimento.

Uma semana antes da divulgação do NBI, um outro índice sobre imagem do Brasil mostrava que "crises internas não são exportadas". Segundo o Latin American Country Brand Report, relatório da Future Brand, o Brasil continua liderando o ranking de marca-país mais fortes da América Latina.

A avaliação considera que, mesmo com as atuais crises econômica e política, e depois de uma série de notícias negativas sobre violência, a imagem do Brasil ainda é a mais valiosa da região, com uma imagem ainda fortemente marcada por estereótipos como futebol, samba, praia e café.

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Sobre o Autor

Daniel Buarque vive em Londres, onde faz doutorado em relações internacionais pelo King's College London (em parceria com a USP). Jornalista e escritor, fez mestrado sobre a imagem internacional do país pelo Brazil Institute da mesma universidade inglesa. É autor do livro “Brazil, um país do presente - A imagem internacional do ‘país do futuro’” (Alameda Editorial) e do livreto “Brazil Now” da consultoria internacional Hall and Partners, além de outros quatro livros. Escreve regularmente para o UOL e para a Folha de S.Paulo, e trabalhou repórter do G1, do "Valor Econômico" e da própria Folha, além de ter sido editor-executivo do portal Terra e chefe de reportagem da rádio CBN em São Paulo.

Sobre o Blog

O Brasil é citado mais de 200 vezes por dia na mídia internacional. Essas reportagens e análises estrangeiras ajudam a formar o pensamento do resto do mundo a respeito do país, que tem se tornado mais conhecido e se consolidado como um ator global importante. Este blog busca compreender a imagem internacional do Brasil e a importância da reputação global do país a partir o monitoramento de tudo o que se fala sobre ele no resto do mundo, seja na mídia, na academia ou mesmo e conversas na rua. Notícias, comentários, análises, entrevistas e reportagens sobre o Brasil visto de fora.

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