Deu na 'Folha': Brasil está à beira de um precipício, diz Nouriel Roubini
O economista norte-americano Nouriel Roubini já foi chamado de "Dr. Doom", o Doutor Destino, por conta de suas previsões pessimistas em relação à economia global, e foi um dos poucos a prever a crise financeira de 2008. Em entrevista à "Folha de S.Paulo", ele fez uma análise sombria em relação ao Brasil atual: "O Brasil está à beira de um precipício".
Apesar do pessimismo, Roubini diz que nem tudo está perdido, e é possível melhorar a situação do país. "O Brasil não está fadado a ter uma crise, é possível evitá-la", diz.
Em um artigo publicado no "Financial Times" em agosto deste ano, Roubini alertava que as agências de risco internacionais ainda eram relevantes, apesar dos erros cometidos durante a crise financeira global, e alertava que o Brasil merecia ter tido sua nota rebaixada desde o ano passado.
Leia abaixo alguns trechos da entrevista concedida a Patrícia Campos Mello.
"É consenso que as políticas macroeconômicas do Brasil nos últimos anos foram equivocadas. Houve afrouxamento fiscal excessivo. Além disso, o aumento na oferta de crédito, tanto pelo sistema financeiro, como pelas instituições públicas, foi excessivo, uma forma de estímulo fiscal."
"A falta de comprometimento para fazer o que é necessário no lado fiscal causou o atual estresse. Se o governo conseguir fazer o Congresso aprovar legislação que eleve receitas e corte gastos e, assim, indicar de forma crível um superavit primário de 0,7% em 2016, é possível evitar rebaixamentos. Mas será que é possível? Todo mundo sabe que o governo atual é fraco, tem baixa popularidade, escândalos e que há uma coalizão muito fragmentada. Mas seja este governo ou outro, seja este o ministro da Fazenda ou um outro, o país tem de fazer ajuste fiscal, não há escapatória."
"Se fizerem o ajuste necessário, não haverá rebaixamentos e vai melhorar a confiança na política fiscal. Isso vai deixar as pessoas mais confortáveis para voltarem a gastar. A moeda já se desvalorizou a ponto de ficar mais competitiva, e as exportações devem aumentar, embora não muito, por causa do cenário global. No meio do ano que vem, a inflação deve baixar, porque não mais haverá os efeitos da alta de preços administrados e a recessão vai fazer com que a alta dos salários seja menor."
"O Brasil, como muitos emergentes na última década, não adotou as reformas estruturais necessárias para aumentar seu potencial de crescimento. O país se voltou cada vez mais para um capitalismo estatal, com papel excessivo do Estado na economia, atuação exagerada de bancos estatais na alocação de crédito, nacionalismo nos recursos naturais e até certa substituição de importações, como nas regras de conteúdo nacional para a Petrobras."
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