Mídia estrangeira acusou governo de SP de 'sonambulismo' na crise hídrica
Em meio a uma grave crise hídrica no estado há mais de um ano, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), vai receber um prêmio pela gestão da água no Estado de SP, dado a ele pelo Congresso Nacional. Em entrevista, Alckmin disse que o prêmio é "merecido" e que "São Paulo hoje é um modelo para o Brasil do ponto de vista de recursos hídricos".
Pelo que se vê na imprensa internacional há meses, o mundo não reconhece bem este modelo paulista de gestão da água. O governo do estado foi apontado como um dos responsáveis pela crise hídrica, e foi acusado de "sonambulismo" pela incapacidade na reação ao problema.
Parte dos relatos reunidos neste post – em itálico – foram publicados em fevereiro deste ano, no endereço antigo do blog Brasilianismo (quando se chamava 'Brazil no Radar').
Meses antes de a palavra "racionamento" surgir na política paulista como se fosse novidade, no começo do ano, a imprensa internacional já previa "desastre", "colapso" de São Paulo por conta do "sonambulismo" do governo.
Desde 2014, o mundo inteiro está de olho na falta de água que afeta o Sudeste do país. Uma busca por notícias em inglês mostra que há mais de 50 mil resultados para os termos "crise hídrica" e "Brasil".
Os principais veículos de comunicação internacionais já noticiaram problemas relacionados à seca – a maioria delas ainda em 2014, antes do governo paulista admitir problemas maiores. O nível dos reservatórios de água, que costuma interessar apenas às pessoas que são abastecidas por eles, está sendo acompanhado de perto pela imprensa internacional.
"Colapso" foi a palavra usada pelo site da rede Bloomberg, de notícias de economia. Isso aconteceu em 21 de outubro de 2014, antes do segundo turno das Eleições, e três meses antes de Alckmin inaugurar o uso do termo racionamento. A reportagem destacava que uma forte seca ameaçava o fornecimento de água da "maior metrópole" do país.
Os jornais gringos até têm destacado que o Sudeste do Brasil vem enfrentando a pior seca em oito décadas, mas o governo não está sendo poupado das críticas pela falta de ação para evitar maiores problemas para a população. Em uma edição de dezembro de 2014, a revista "The Economist" já dizia que "o governo demorou a responder à seca no coração industrial do Brasil."
A falta de resposta do governo foi destaque também na rede britânica BBC ainda em novembro de 2014. "É interessante notar que tanto o governo do estado quanto o federal foram lentos em reconhecer que existe uma crise, apesar da enorme quantidade de evidências", diz a BBC, que fala em falta de senso de urgência e em "sonambulismo" dos governantes.
Também em novembro, a agência de notícias Reuters destacou a seca e disse que São Paulo teria que tirar água "da lama". Um mês depois, em dezembro, mas ainda bem antes de uma ação mais transparente e concreta do estado, o jornal norte-americano "Los Angeles Times" dizia que o governo "minimiza a crise hídrica enquanto moradores sofrem". Segundo a publicação, "falta de planejamento e manipulação política por parte das autoridades exacerbaram a crise".
O governo do estado pode até continuar fingindo que está tudo bem e aceitar "modéstia à parte" que merece ser premiado, mas a população que vive no estado e que está constantemente sob ameaça de racionamento e falta de água sabe que o problema é muito mais sério. A questão é tão óbvia, que mesmo quem não fala português e mora em países distantes sabem da gravidade da crise hídrica. Chamar o prêmio dado a Alckmin de merecido é continuar preso ao mesmo "sonambulismo" que levou a situação a sua gravidade atual.
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