Com gastos altos e caos, imagem do Brasil foi mais negativa na Copa de 2014
A imagem do Brasil projetada pela imprensa internacional durante a Copa do Mundo de 2014 teve um tom mais negativo de que a cobertura relacionada ao país durante a Copa de 1950. Apesar de a competição de 2014 ter sido bem-sucedida ao ampliar a visibilidade do país, e de ela ter sido aprovada como uma grande festa global, o evento acabou servindo para expôr muitos problemas do país, especialmente relacionados ao caos social e aos enormes gastos do governo com o torneio.
Mais da metade dos textos sobre o Brasil em 1950 tinha tom positivo e 25% eram neutros, enquanto apenas 20% eram negativos. Em 2014, a proporção de reportagens neutras caiu para 14%, o de positivas caiu para 41% e o de negativas subiu para 47%.
O dado faz parte dos resultados da pesquisa que desenvolvi durante o mestrado no Brazil Institute do King's College de Londres e que foi publicada neste mês pelo International Journal of Communication, intitulada "One Country, Two Cups" (um país, duas copas). O estudo analisou comparativamente a imagem do Brasil projetada na imprensa internacional durante as duas Copas do Mundo sediadas no país, em 1950 e 2014. As informações detalhadas da pesquisa vão ser publicadas no Brasil no próximo mês em uma nova edição do livro "Brazil, um País do Presente", pela Alameda Editorial.
A pesquisa permitiu perceber uma mudança de tom na cobertura das duas Copas, que se tornou muito mais negativa em 2014. Isso foi motivado especialmente pela cobertura extensiva de agitações sociais e protestos, por reportagens acerca dos gastos excessivos do governo com o evento da FIFA, além da perspectiva prévia de que a competição seria caótica.
Mesmo que ao longo do evento em 2014 o tom tenha mudado, e que ao final da competição a imprensa internacional tenha reconhecido o sucesso da Copa, ainda se publicavam várias referências aos problemas sociais do Brasil. Além disso, a cobertura tratou amplamente das causas dos protestos nas ruas, apontando desmandos políticos, corrupção e gastos excessivos do governo com a Copa.
Apesar de ter consolidado um volume maior de reportagens negativas durante a cobertura, o tom crítico da mídia internacional registrado antes da Copa de 2014 ajudou a formar uma expectativa global muito baixa para o evento. Quando a Copa começou, e os problemas esperados foram sobrepostos pela imensa festa mundial do futebol, o tom geral passou a ser mais positivo, criando uma ideia de "melhor copa de todos os tempos". Mesmo assim, a quantidade de notícias com tom negativo foi maior de que as neutras e positivas.
A pesquisa de mestrado foi realizada a partir de análise de conteúdo e de discurso das reportagens que mencionavam o Brasil em cinco dos mais importantes veículos de comunicação do mundo em um período que englobava as Copas e os dias imediatamente anteriores e posteriores ao evento. O levantamento reuniu textos publicados pelo "New York Times" (dos EUA), pelo "Guardian" e pela "Economist" (do Reino Unido), por "Le Monde" (da França) e pelo "ABC" (da Espanha). No total, foram encontrados 424 artigos mencionando o Brasil no período de 37 dias dentro do qual ocorreu a Copa de 1950 e 3.733 artigos com menções ao país em período semelhante durante a Copa de 2014.
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